Existe relação entre Nutrição e fertilidade?
- Izabel Lamounier
- 26 de nov. de 2020
- 4 min de leitura
Nas últimas décadas, houve um aumento significativo na prevalência de infertilidade em todo o mundo. Numerosos estudos confirmam que o estado nutricional desempenha um papel fundamental na fertilidade. O aumento da infertilidade está relacionado principalmente ao atraso da maternidade nas mulheres, à diminuição da qualidade do sêmen, à exposição a fatores ambientais e ao estilo de vida. Em relação ao estilo de vida, observou-se que seguir dietas desequilibradas em energia e nutrientes, sedentarismo, a presença de estresse, o consumo de tabaco, álcool e outras drogas, como maconha ou cocaína, e o uso de os contraceptivos influenciam negativamente a fertilidade.
O peso corporal e, principalmente, a composição corporal, desempenham um papel fundamental na fertilidade em ambos os sexos. Vários estudos apontam que tanto o baixo peso quanto o sobrepeso ou obesidade aumentam o risco de infertilidade.
NUTRIENTES E FERTILIDADE
As evidências disponíveis indicam que tanto o tipo quanto a quantidade de carboidratos podem afetar a fertilidade de homens e mulheres. Nesse sentido, observou-se que seguir uma dieta rica em alimentos com baixa carga glicêmica está relacionado a uma melhora da fertilidade relacionada à ovulação por meio de uma melhora na sensibilidade à insulina nas mulheres e qualidade do sêmen.
Em relação às proteínas, observou-se que a substituição de proteínas de origem animal por origem vegetal na dieta favorece a ovulação.
Em relação às gorduras, observou-se que a ingestão elevada de gordura saturada está negativamente associada ao número de espermatozoides e que as gorduras trans aumentam a resistência à insulina, aumentando assim o risco de ovulação e na qualidade do esperma. Em contraste, seguir dietas ricas em gorduras monoinsaturadas parece ter um efeito benéfico sobre a fertilidade em mulheres e homens. Da mesma forma, uma maior eficácia em tratamentos de reprodução assistida foi encontrado em pessoas com altas concentrações séricas de ômega-3.
Um suprimento adequado de vitaminas é essencial para a fertilidade. O ácido fólico desempenha um papel essencial na síntese de DNA e RNA e, portanto, na reprodução.
A vitamina B12 é necessária para o desenvolvimento e funcionamento da placenta. Também foi observado que a suplementação de vitaminas pode ajudar a melhorar a qualidade do esperma e prevenir abortos espontâneos.
A vitamina A promove a síntese dos hormônios sexuais, participa da espermatogênese, protege o óvulo e os espermatozoides dos danos oxidativos e facilita a implantação do óvulo fertilizado. Da mesma forma, é de grande importância no desenvolvimento da placenta e na organogênese e embriogênese.
A vitamina D está associada à manutenção da reserva ovariana, pois favorece a síntese do hormônio antimülleriano (HAM). Nas mulheres, sua deficiência está relacionada à resistência à insulina e miomas uterinos. Nos homens, sua deficiência está associada a níveis mais baixos de testosterona. Nesse sentido, é importante lembrar que tanto o excesso quanto a deficiência da vitamina afetam negativamente a quantidade e a qualidade dos espermatozoides.
As vitaminas C e E são essenciais na reprodução devido à sua função antioxidante, uma vez que neutralizam os efeitos do estresse oxidativo sobre os óvulos e espermatozóides. Além disso, a vitamina E facilita a implantação do ovo fertilizado e ambos são necessários para o desenvolvimento e funcionamento da placenta. A suplementação com vitaminas pode melhorar a quantidade e a qualidade dos espermatozoides.
O fornecimento adequado de alguns minerais pode ajudar a melhorar a fertilidade. O cálcio desempenha um papel de grande importância na espermatogênese e motilidade, na hiperativação e na reação do acrossomo espermático, fundamental para que ocorra a fertilização do óvulo.
O ferro promove a ovulação, intervém na implantação do óvulo fertilizado e reduz o risco de desenvolver complicações no início da gravidez. Além disso, é essencial para o crescimento e desenvolvimento do sistema nervoso fetal.
O zinco desempenha um papel essencial na fertilidade, pois protege os espermatozoides e o óvulo dos danos oxidativos, participa da embriogênese, da estrutura e função da placenta e do crescimento e desenvolvimento do sistema nervoso fetal. No homem, o zinco desempenha um papel altamente relevante no processo reprodutivo, pois participa do desenvolvimento testicular normal, na síntese da testosterona, e influência na maturação, quantidade e mobilidade dos espermatozoides. A suplementação de zinco pode ser útil no tratamento da infertilidade em homens, pois pode melhorar a qualidade do esperma.
O selênio é um nutriente essencial para a reprodução, desenvolvimento e função da placenta e o crescimento e desenvolvimento do sistema nervoso fetal. Ajuda a reduzir o dano oxidativo aos espermatozoides e óvulos e participa da síntese da testosterona e, portanto, da espermatogênese.
Por fim, dada sua participação na síntese dos hormônios tireoidianos, o iodo é essencial na manutenção da fertilidade. É necessário para o desenvolvimento e função da placenta e para o crescimento e desenvolvimento do sistema nervoso fetal.
RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA MELHORAR A FERTILIDADE
# Manter peso corporal adequado, alimentação equilibrada e fazer exercícios físicos moderadamente
# Alimentação com carboidratos complexos, fibras, gorduras monoinsaturadas e poli-insaturadas, proteína de origem vegetal, baixo conteúdo de gorduras saturadas, trans e proteína animal
# Atenção especial para: ácido fólico, vitamina B12, vitamina A, D, C e E, cálcio, ferro, zinco, selênio e iodo
# Moderar o consumo de bebidas alcoólicas e cafeína
# Evitar fumar
González-Rodríguez LG, et al. Nutrition and fertility. Nutr Hosp 2018;35:7-10
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